A denúncia da negociação de um bebê, que aconteceu no final do ano passado, no município de Novo Progresso, Oeste do Pará, virou polêmica naquela cidade. Autoridades de segurança público abriram procedimentos investigativos para desvendar a negociação da criança.
O agricultor Cristiano Silva, pai da criança, conta que denunciou o conselheiro tutelar Alex Bispo e uma enfermeira do Hospital Municipal, ao Ministério Público Estadual (MPE). O conselheiro tutelar e a enfermeira são acusados de tramar a venda do bebê.
De acordo com Cristiano Silva, sua esposa deu à luz a uma criança no Hospital Municipal de Novo Progresso, no dia 19 de dezembro do ano passado. Já no dia 20 de dezembro, uma enfermeira de cabelos loiros, identificada como “Kely”, teria lhe abordado para oferecer o valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais) pela criança. Cristiano afirma que não aceitou e, que quando sua esposa e o bebê receberam alta, foram direto para sua casa.
Após a criança sofrer um problema de saúde no dia 08 deste mês, Cristiano conta que levou o bebê ao Hospital, onde o atendimento inicial foi feito pela mesma enfermeira que havia lhe ofertado o dinheiro pela compra da criança no dia do seu nascimento. O agricultor afirma que sua filha, em companhia de sua madrinha, voltaram para sua casa.
Ao retornar ao Hospital, ele garante que viu sua comadre em desespero, dizendo que a enfermeira tinha chamado o conselheiro tutelar para tomar a menina. Cristiano diz, ainda, que viu o conselheiro Alex Bispo negociando com a enfermeira pelo valor de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) e, que estaria pegando em dinheiro.
O agricultor relata, também, que conseguiu tirar algumas fotos do conselheiro, o qual ao perceber, caminhou em sua direção e quebrou o cartão de memória do celular. O conselheiro teria ameaçado Cristiano de mandá-lo para a cadeia.
DENÚNCIA: No dia 13 deste mês, Cristiano Silva informou que foi até a Promotoria de Justiça de Novo Progresso, onde formalizou a denúncia, contando sua versão dos fatos. Ele montou um abaixo assinado com 215 assinaturas, de pessoas que o conhecem e, que não querem o conselheiro atuando pelo órgão. O agricultor denunciou, ainda, que menores usam drogas em frente ao Conselho Tutelar e, que os conselheiros não fazem nada para coibir o problema.
PÂNICO: Depois da ameaça do conselheiro e da enfermeira que queria vender a criança, Cristiano Silva afirma que sua esposa tem medo de dormir no Hospital de Novo Progresso, temendo sofrer retaliação por parte da funcionária do logradouro de saúde. Cristiano denuncia que o conselheiro tutelar lhe ofendeu, xingando-o de vagabundo, filho de uma égua, além de ameaçar-lhe dizendo que iria colocá-lo na cadeia ou dar um jeito em sua vida.
TRIÂNGULO AMOROSO: Cristiano relatou que convivia com duas mulheres (Paloma, de 21 anos e Andréia, de 14 anos). Porém, hoje, ele garante que está apenas com Paloma. Cristiano comentou que conheceu Andréia em Dourados, no Mato Grosso do Sul, onde se prostituía e era usuária de drogas. “Eu consegui tirar Andréia dessa vida. Sua mãe me autorizou a ficar com sua filha, porque falou que eu estava fazendo bem a ela”, afirma.
JUSTIFICATIVA: O conselheiro tutelar Alex Bispo disse que no dia 09 deste mês, recebeu uma denúncia que tinha dado entrada no Hospital Municipal uma criança recém-nascida com indícios de maus tratos. A denúncia, segundo ele, partiu da recepção do Hospital, para onde se dirigiu, com o intuito de averiguar a situação. “Ao chegar lá a criança não tinha sido examinada ainda, mas notei que ela estava muito magra e pequena. Fiz, então, os procedimentos e solicitei da enfermeira o laudo do médico que a atendeu o bebê”, afirmou.
Sobre as denúncias feitas por Cristiano, ele diz que são absurdas e, que nunca conversou com enfermeira nenhuma sobre adoção da criança e, que nunca ameaçou tirar o bebê do convívio do pai e da mãe, porque não tinha nenhum indicio para fazer isso.
A única coisa que foi constatada, segundo ele, é que a criança estava com infecção intestinal e desnutrida, por falta de experiência dos pais de dar a alimentação correta ao bebê. Ele disse que a mãe da criança apresenta sintomas que não a deixam amamentá-la, sendo necessário dar um leite especial para recém nascido, porém, os pais estavam dando o leite ninho, que não é o correto, por isso ocorreu a desnutrição.
“Como houve a denúncia de maus tratos eu tinha que averiguar, como eles viviam, qual era a renda deles, e nisso eu chamei duas especialistas do CREAS, a Dra. Cintia (Assistente Social) e a Dra. Simone (Psicóloga), que o acompanharam nesse caso. Em momento algum foi falado em tirar dos pais a criança para adoção”, declarou Alex Bispo.
Fonte: RG 15/O Impacto e Adécio Piran