Taxa de analfabetismo assusta, Pará tem o segundo pior índice do Brasil, atrás apenas de Alagoas. Problemas da educação pública são expostos em dossiê. Um dossiê divulgado pela Sociedade Paraense de Defesa dos Direitos Humanos, na terça-feira, tenta criar mecanismos para combater a precariedade do ensino na Amazônia e reduzir os altos índices de analfabetismo na região.
O documento, organizado por Flávia Marçal Araújo, traz números negativos referentes ao desenvolvimento da população. São 317 páginas detalhando as falhas na condução do ensino público no estado. No ranking nacional, o Pará aparece em posição incômoda, com o segundo pior índice - 12%, enquanto que a média nacional é de 8% -, atrás apenas de Alagoas . "O índice de analfabetismo no Pará é muito elevado.
É a prova de que muitos não têm acesso a nenhum grau de ensino, estão longe das escolas. Nós não estamos discutindo se a escola é boa ou não, estamos falando que uma parte da população sequer frequenta a escola, o que é mais grave", explicou a coordenadora do estudo. A intenção da SDDH é estimular discussões e propostas acerca do ensino público. Trata-se de uma ação integrada para tentar reverter o quadro. Por essa razão, explica Flávia, foi levado até a Assembleia Legislativa do Estado do Pará (Alepa) para que os problemas fossem expostos e debatidos.
Representantes da entidade propuseram aos deputados a assinatura de uma carta compromisso, indicando a intenção da casa em promover ações para melhorar a educação pública no estado. Silvia Leão tem dois filhos na rede pública de ensino. Marcos e Francisco reclamam de problemas na estrutura física e falta de merenda escolar na escola estadual Doutor Freitas, no bairro do Umarizal.
"A gestora conseguiu mandar duas merendeiras para a escola. A da manhã funciona muito bem, mas a da tarde não sabia fazer merenda, não sabia cozinhar, então ela foi devolvida e até agora não retornou ninguém para fazer a merenda", afirma Silvia. Políticas públicas ignoram particularidades da região A pobreza, mostra o estudo, afeta 42% da população amazônica. Em contrapartida, a média brasileira de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza é de 29%. Paralelo a isso, a pesquisa mostra que, em 2009, cerca de 10 milhões de cidadãos viviam com menos de meio salário mínimo por mês, ou seja, renda inferior a R$ 339,00. Entre os estados que compõem a Amazônia Legal, o Pará tem o segundo pior índice referente ao número de cidadãos fora da linha de pobreza, atrás apenas do Maranhão.
A região também convive com baixas taxas de analfabetismo funcional e absoluto, sem contar os baixos índices de conclusão do ensino médio e do fundamental. O dossiê ainda destaca a educação como um caminho de superação das desigualdades tanto regionais, quanto entre os indivíduos da sociedade. Outro problema é a falta de cuidado com que o Poder Público trata o Pará e os demais estados da Amazônia, sem levar em consideração as particularidades de cada região antes de elaborar políticas.
"A aplicação de políticas públicas que destoam da realidade dos estados é comum e, na prática, não resolvem os problemas que o Pará enfrenta. Mudar esta forma de ver ainda é um desafio", considera Flávia Marçal.
Fonte-Amazõnia Jornal
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