A crença geral anterior era que Roselito não servia, bem como Botelho e Benigno. Agora dizemos que Valmir não serve. E o que vier depois de Valmir também não servirá para nada.
Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no corrupto que foi Roselito, ou no farso que é o Valmir. O problema está em nós. Nós como POVO.
Nós como matéria prima da nossa cidade. Porque pertenço a uma cidade onde a "ESPERTEZA" é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Uma cidade onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais.
Pertenço a uma cidade onde,
lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outras cidades de países chamados “primeiro mundo”, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outras cidades de países chamados “primeiro mundo”, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.
Pertenço a cidade onde os "ORGÃOS PÚBLICOS" são papelarias particulares de seus funcionários desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos...e para eles mesmos.
Pertenço a uma cidade onde a gente se sente o máximo porque conseguiu "pegar" o sinal de internet do navega Pará ou de qualquer outro provedor de Itaituba, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos.
Pertenço a uma cidade onde a impontualidade é um hábito. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do prefeito por não limpar as ruas e os esgotos. Onde pessoas fazem "gatos" para roubar luz e nos queixamos de como esse serviço está caro.
Onde não existe a cultura pela leitura e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica.
Pertenço a uma cidade em que nossa câmara, os vereadores só trabalham dois dias por semana para aprovar requerimentos e leis que só servem para afundar ao que nada tem, ou seja, sem pensar na população que os elegeu e sim pensam no seu próprio “bem” e também para beneficiar o poder executivo.
Pertenço a uma cidade onde as carteiras de motorista e os atestados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame. Uma cidade onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé nas filas dos bancos, enquanto as pessoas que são pagas para atender o público deveriam ter a CONSCIÊNCIA que são SERVIDORES PÚBLICOS.
Pertenço a uma cidade em que o “político bom” é aquele que me dá as coisas, é aquele que tem dinheiro e digo mais, como que ele/ela quer ganhar se não tem dinheiro? Os eleitores, o povo, dá mais crédito aos candidatos que tem dinheiro e não aos que tem idéia e coragem pra defendê-los.
Pertenço a uma cidade onde reclamo que a câmara de vereadores está cheio de sanguessugas, analfabetos e corruptos. Acho graça quando vejo nomes de pré-candidatos sem condições nenhuma de cumprir o papel de vereador que é fiscalizar e legislar em favor do povo. No entanto, não tenho coragem de me candidatar, pois prefiro criticar.
Uma cidade no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Uma cidade onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes.
Quanto mais analiso os defeitos do Roselito Soares e do Valmir, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não ser multado.
Quanto mais digo o quanto a Margareth Soares é culpada, melhor sou, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.
Não. Não. Não. Já basta.
Como "Matéria Prima" de minha cidade, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nossa cidade precisa.
Esses efeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Roselito, Botelho, Benígno ou Valmir, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS.
Nascidos aqui, não em outra parte... Me entristeço. Porque, ainda que Valmir renunciasse hoje mesmo, o próximo prefeito ou prefeita que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Roselito, nem serviu Botelho, não serviu Benígno, e nem serve Valmir, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente sacaneados!!!
É muito gostoso ser brasileiro. Que orgulho ser Itaitubense. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias.
Nós temos que mudar, um novo prefeito com os mesmos Itaitubenses não poderá fazer nada. Está muito claro...... Somos nós os que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo; desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão locais, nefastos e francamente tolerantes com os desmandos.
É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido.
Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LUGAR, ESTARÁ LÁ REFLETIDO NO ESPELHO.
E você, o que pensa?....
MEDITE!!!!!
Autor: João Ubaldo Ribeiro
Adaptado por: Gilson Vasconcelos para a cidade de Itaituba
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